Sala de Literatura Amapaense
Amapá

Sala de Literatura Amapaense


Nem sempre é possível atingir os objetivos, mas continuo no projeto de registro aéreo das ruas de Macapá...
...Afinal, essa é uma cidade em crescimento e verticalização...
...e a cada ano temos uma visão diferente na paisagem urbana.
Lenta e sistematicamente transformada para sempre.
Macapaense esperto sacou que as fotos anteriores foram registradas do Teatro das Bacabeiras, com a Rua São José em destaque!
 Fácil! Não há erro. O teatro é voltado para o Rio Amazonas...
...Com a Igreja São José e Biblioteca Pública Elcy Lacerda atrás. Falando nela ...esse meu apego por bibliotecas... tem novidade por lá! Soubestes? Vamos conhecer... 
Ah, antes mais uma homenagem às artes no Amapá. Essa é uma visão do cenário anterior a construção do atual edifício da biblioteca, na arte de Ronaldo Picanço (conheça e acompanhe outras de suas obras NESTE LINK).

Vamos adiante!!!!!

Durante a II FLAP (Feira de Livros do Amapá) a Biblioteca Pública Elcy Lacerda abriu as portas de um novo ambiente para pesquisas... e hoje referência para a classe estudantil.
Apresento-vos a Sala da Literatura Amapaense!
Verdadeiramente se devia um espaço mais específico a literatura local, resumido antes a seção sobre o Amapá na Sala de Consultas.
 
Além da produção mais antiga, encontramos textos com referências de assuntos buscados com regularidade pela classe estudantil: bairros, municípios, cultura, turismo, etc e tal.
Estou frequentando essa sala periodicamente e me dedicando a leitura de algumas obras. Algo desperto por um interesse, uma curiosidade e um objetivo. O de conhecer melhor meu estado, seja em um livro científico ou nos devaneios dos versos e viagens da prosa. 

Aí encontramos obras como "Amapacanto" de Alvaro Cunha. Discorre sobre o Amapá em vários aspectos: rios, florestas e amor por essa terra. Interessante que o autor, poeta e pesquisador, usou um pouco do conhecimento científico na construção de alguns versos. Não identifiquei o ano de publicação, mas a edição é da década de 80. Veja mais AQUI e AQUI.

Alguns versos da obra. Um canto dos encantos deste canto
exaltado em Amapacanto!

"O Brasil não sabe
que há bacias de sal
e coral
no rio Oiapoque
Não sabe em quais 
extensos litorais
e canions florestais
e vales minerais
as águas do Araguari
vagam
e desaguam
 
O Brasil não sabe
que abalo sísmico
fraturou a crosta
e ordenou a falha
geológica
que talha
a tortuosa lógica
da calha
a equilibrada dispersão da malha
dos rios Caciporé
Jari e Vila Nova 
De onde o Flechal
o Cunani, o Uaçá
o Calçoene
descendo o peneplano
(saberá o Brasil
o que é peneplano?)
até cingirem as águas
do oceano
o Brasil não sabe
O Brasil não sabe nem 
o quanto é grande
o rio Amapá Pequeno 
e que sendo assim
o rio Cupixizinho
não iria também
fazer por menos
Mas eu sei
Amapá
nós dois sabemos
todos os rios
que somos e vivemos
Amapari
Maracá
Mapaoni
Iratapuru
Cajari
 Matapi
Macarri
Maruanum
Amapá Grande
Mutum
Sucuriju
Tartarugal
Falsino
Cupixi
Macacoari
Mapari
e Aporema
rios que excedem
ao mapa da memória
rios que não cabem
na planta
de um poema"

Obs: As fotos que ilustram são de rios amapaenses e fazem parte do acervo da Biblioteca Ambiental da SEMA.

Ei, conheces esse romance indianista da Literatura Amapaense? "Niranaê" foi publicado em 1997 e mistura ficção e história do Amapá. O autor, Edgar Rodrigues, assim o referenciou: 
"O que representa Niranaê no contexto da história do Amapá? O autor uniu a história à ficção. O fato histórico é a chegada de Vicente Pinzón ao Oiapoque, com três naus. Uma delas naufraga, morrendo todos os tripulantes. O autor ressuscita um dos tripulantes, de nome Mário Hernandez, natural de Castela, que escapou de ser devorado por jacarés. Salvo pelo feiticeiro Itanhaê, este, com a ajuda dos bravos guerreiros tucujus, conduziu Hernandez à ocara principal.Os primeiros contatos entre o europeu e os índios foram estranhos, mas Mário Hernandez conseguiu granjear a amizade com os habitantes da costa amapaense, ao ponto de se tornar marido de Niranaê, índia robusta e de beleza rara, prometida de Tupã, e filha do bravo guerreiro Itaraê. O resto é com o leitor!" (Texto de Edgar Rodrigues)
Ficou curioso? Ah... O autor disponibilizou, aos interessados, a obra neste link:   
niranae.blogspot.com.br

Outra sugestão, obra encontrada também por lá, é o livro de Decleoma Lobato Pereira. Olha o nome: "Entre mãe-do-mato, cobra grande, botos e mocós: uma aventura no Bailique". Sugestivo para conhecer  um pouco mais sobre lendas e cultura do amazônida, na região do Bailique. A obra é de 2005 e no prefácio encontramos a seguinte exposição de Fernando Canto: 
"A forma que Decleoma usou para transmitir os conhecimentos de suas pesquisas às crianças neste seu primeiro livro me parece um instrumento pedagógico de extraordinária eficácia. A personagem narradora, na sua curiosidade infantil, tateia um mundo sempre novo, cava descobrimento e se vislumbra com os acontecimentos e fazeres da região do Bailique (que aqui representa um arcabouço cultural amazônico), ouvindo narrativas, observando fatos e aprendendo coisas, que só estando lá, no meio daquelas longínquas comunidade é possível. Tudo neste belo livro tem a leveza de um balé, balé líquido, diria, das ondas que levam e trazem os encantos sob a música do vento e o aplauso dos açaizais iluminados pelo sol oceânico do Amapá."
Há muito para se ver e conhecer. Não te digo que gosto de tudo que vou encontrando, mas muito do que vou conhecendo vou também gostando. Que nem o poema a seguir:

Nossa Terra...

"Nossa terra tem bacabeiras
Que dá vinho bom para se tomar
Temos peixes em abundância 
Quem quiser, é só pescar

Nosso céu tem um linha
Que divide o imenso azul
De um lado, fica o Norte
E do outro, fica o Sul

Se ficar aqui sozinho
Não sentirei solidão
Nossa terra tem folclore
Que só de pensar, dá emoção

Nossa terra tem Fortaleza
Como inúmeras histórias pra contar
Tem a praça Beira-Rio
Tem a Praia do Araxá
Nossa terra tem Bacabeiras
Que dá vinho bom pra se tomar

Não permita Deus que isso
Tudo mude por aqui
Pode vir gente de fora
Mas que seja para construir
Coisas que aqui não há
Na terra das bacabeiras
No Estado do Amapá."

Onde será que já vimos algo similar a isso!? Ah... Está claro que é uma referência à Canção do Exílio, de Gonçalves Dias.  Diz-se por aí, palavras de Manuel Bandeira, que o Gonçalves, ainda que não tivesse escrito mais nada, já teria seu nome marcado na História pela beleza e importância do poema (escrito em julho de 1843, em Coimbra, Portugal). Só lembrar que está presente na letra do Hino Nacional e foi inspiração para a paráfrase (vai buscar no dicionário o que é isso!) de outros escritores (Casimiro de Abreu, Oswald de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Mário Quintana, Murilo Mendes, etc e tal). Os versos acima foram a homenagem ao Amapá na inspiração e paráfrase de Besaliel Rodrigues, encontrados em "Nossa Terra...", de 1996. Tá lá na Sala...


Há muita literatura para se conhecer... Façamos o seguinte, "das antigas" faço referência a mais um livro para se dar uma espiada...

A Água Benta e o  Diabo, de Fernando Canto (2ª Edição - 1998). Olha a capa desta edição, o que te sugere? Percebemos os contornos das portas da Igreja de São José com um grupo do Marabaixo se apresentando diante dela. Boa sacada! É disso que trata a obra... um estudo histórico-antropológico que coloca frente a frente as ideologias da Igreja Católica, com seu posicionamento de dominância e não aceitação de alguns rituais da manifestação popular do Marabaixo, e a resistência dos participantes em manter sua identidade e tradição. Dessa situação, no passado, ocorreram alguns episódios importantes que são descritos e analisados pelo autor, que apresentou também as seguintes referências em seu blog: "O livro e o título foram inspirados numa declaração de Dom Aristides Piróvano (ao Fernando) no decorrer de uma entrevista para jornal: Folclore é folclore, religião é coisa séria e não podemos misturar as duas coisas. A igreja não é contrária à diversão do povo, mas não se pode misturar água benta com o diabo." (Veja mais sobre a obra AQUI).

Das "obras mais recentes" são bem interessantes os livros de Joseli Dias, que foram divulgados na II FLAP e disponibilizados na sala...
Joseli Dias (de vermelho) divulgando seus livros na FLAP 2013
 Coleção Amapá Cordel
Trata de fatos históricos artísticos, turísticos e culturais do Estado do Amapá através da Literatura de Cordel, opção do autor como forma de interação e proximidade com o leitor, uma vez que a musicalidade da rima alcança um maior interesse (Descrição nos livros).

Ah... Deixei também uma contribuição à sala (que retirei do acervo da Biblioteca SEMA, com autorização da Gerência, e de meu acervo pessoal). 
Livros sobre o Amapá que devem ser conhecidos.
"Macapá Querida", organizado pelo Museu Histórico Joaquim Caetano da Silva. Constitui-se em um álbum de fotografias históricas da cidade. 
Veja duas delas.

 
 
Imagens como estas me inspiram hoje a querer registrar também o crescrimento e transformações de minha cidade... Tenho fotografado muita coisa (que divulgo aos poucos no blog) e, no momento, o registro mais recente é o da Rua São José.
Rua São José - Centro de Macapá (Foto: Rogério Castelo - 12.12.2013)
Agradeço ao Magnu's Plaza Hotel a oportunidade do registro. Contatos AQUI
O que levei de meu acervo para a Sala foi...

"História dos Batistas no Amapá", de Corina Araújo. Obra lançada em 15/11/2013. A autora é amapaense e pioneira na Igreja Batista, acompanhando sua história desde a inauguração da Primeira Igreja Batista no Amapá (PIB) em 31/07/1955, ocasião também de sua conversão. É um relato histórico dos batistas, que iniciaram o trabalho por aqui em 1952 com a vinda do engenheiro ferroviário Fábio de Azevedo Oliveira (brasileiro naturalizado norte-americano membro de Igreja Batista em Carolina do Norte nos Estados Unidos) que chegou ao Ex-Território para trabalhar na estrada de ferro da ICOMI e iniciou também uma história de outros caminhos, maiores e mais importantes, o da Igreja Batista Amapaense.
 
Eita! São histórias que me despertam sempre a curiosidade... A obra também tem fotos de muitos pioneiros da Igreja Batista no Amapá. Por essas e outras deixei um exemplar na Sala. Graças a Deus!!

Destaque também na Sala para os painéis sobre alguns autores ilustrando o recinto. Como o de Aracy Miranda de Mont'Alverne.
Professora, foi nossa primeira poetisa e publicou as obras Luzes da Madrugada (1986) e Arquivo do Coração (1997).



A Palma da Vitória

Nos labirintos dos caminhos desta vida
palmilhamos, muitas das vezes,
indecisos e medrosos,
na incerteza do desconhecido,
na esperança de um novo amanhecer
que nos traga coragem e fé
naquilo que sonhamos.
Pensar em desistir é  covardia,
pois a luta se renova dia a dia
e a força sempre surge alvissareira
guiando nossos passos à meta desejada.
Pensamos então nos frutos a colher,
nas flores que iremos receber,
ao terminar a persistente jornada,
E, quando um belo dia
a aurora surge linda,
pintando o horizonte
com as cores do arco da esperança,
bate forte em nosso coração
o aviso da bonança,
na realização dos nossos sonhos,
elevando a alma aos píncaros da glória.
É quando recebemos, radiantes,
na hora da conquista,
em nossas mãos, 
a Palma da Vitória!

A autora foi uma das homenageadas na FLAP deste ano, com a Sala sendo denominada (na duração da Feira) com seu nome.
Teve até uma estátua em sua homenagem...
Ih, rapaz... Conheço esse bicão aí estragando a foto da estátua da Aracy!!!

 
 
...E é assim a Sala dos Autores Amapaenses! Com muitas obras locais para se conhecer e pesquisar... Visite, leia e julgue você a importância!!!

Conheça mais da Literatura Amapaense em
www.escritoresap.blogspot.com.br 



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