Amapá
LENDAS DO AMAPÁ - O homem que virava cavalo
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Desenho de Rogério Castelo (1988) |
Há muito tempo atrás falavam de um homem descendente de negro, que morava no bairro do Laguinho e depois passou a morar no bairro do Beirol, que se tornou famoso pelos seus feitos. Dona Maria, uma das moradoras mais antigas do bairro do Beirol, contou que tinha costume de acordar bem cedo para varrer a frente de sua casa, todas as manhãs. Um belo dia viu um cavalo preto próximo a um poste de madeira, era um pouco cerrado e o cavalo a olhava de forma estranha; o medo foi tão grande que logo entrou e chamou seu marido. Em questão de segundos, quando retornou, o cavalo já havia sumido.
Era costume os jovens saírem à noite para irem à festa. Certo dia o casal Raimunda e José, ao retornarem por volta de meia-noite, tiveram um enconntro com o tal cavalo. Raimunda disse a José que estava com arrepio no corpo e este perguntou:
- Estais com medo!?
Estava meio escuro, quando de repente viram um vulto. Parecia que alguém estava se aproximando... e continuaram a andar. Quando chegaram próximo a um poste de madeira, havia um grande cavalo preto. Já vinham atravessando a rua quando o cavalo saiu correndo atrás dos dois, que saíram desesperados correndo, gritando bem alto e pedindo socorro. Dona Maria e o marido levantaram-se com o barulho. A moça e o rapaz queriam entrar no portão, mas não conseguiam abrir.
Dona Maria abriu o portão para o casal, que estava tão nervoso quee não conseguia falar nada. Passado um pouco o medo, eles falaram que foram acuados por um grande cavalo preto e Dona Maria confirmou que fora esse mesmo cavalo que teria visto no dia anterior pela manhã e que de repente havia sumido. O medo aumentou ainda mais, que acabaram dormindo na casa de Dona Maria.
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Leitura recomendada |
No outro dia só se ouvia comentários do grande cavalo preto, que segundo as pessoas era um homem que se transformava, pois ele lia o livro de São Cipriano e todas as pessoas que passavam ali pela madrugada falavam que o cavalo corria atrás e, o íncrível, é que ele sumia rápido sem deixar nenhum rasto. Diziam também que tentavam matá-lo, mas não conseguiam, parecia até que ele estava ouvindo, pois, quando tentavam pegá-lo ele não aparecia. As pessoas passavam a não sair mais sozinhas à noite, pois tinham medo do cavalo aparecer e correr atrás delas. Ver um bicho alvoroçado daqueles querendo nos pegar! Deus me livre! E foi assim que ficou conhecida a história do homem que se transformava em cavalo.
"Texto de Paulo Dias Morais, no livro "Amapá: Lendas Regionais".
Estas histórias surgiram em uma Macapá de outras épocas. Tempos bucólicos, quando era comum ver carroceiros, cavalos e bois transitando pela cidade. Isso perdurou até meados dos anos 8o. Cheguei até pedir carona em carroça que ia para as bandas da minha escola (Castelo Branco, no Bairro do Trem) e evitava a todo custo o encontro com os bois (uma vez até faltei na aula, pois um monte estava no caminho que costumava seguir... É!!! Mas não me chame de medroso... É que não era acostumado em lidar com esses bichos). Diziam sempre que eram de um tal Muca. Não me estranham estórias como a desta lenda. Conheço uma mulher que teve um bizarro encontro em que - certa vez quando despertou de madrugada e ouviu algo na área do quintal - ao abrir uma fresta da janela, topou com aquela carona chifruda e de olho amarelo esbugalhado lhe olhando de perto! Vá de retro!!! Seria o tinhoso?? Como dizem por aí: o amornado??? A mulher ficou petrificada, quase com ataque cardíaco. Só depois de um tempo viu que era uma parruda vaca preta. Há! Há! Há! Mas o susto ficou marcado. Ah! Essa mulher é aquela a quem tomo benção todo dia e Deus me deu como abençoada mãe... e as vacas tinham entrado no quintal sorrateiramente. Se não estiver enganado, foi em 1983.
O livro, para quem curte, faz uma abordagem bem legal sobre o folclore amapaense. Tratando de lendas, comidas típicas, festejos e medicina popular. Mas tudo de uma forma bem simplificada, é claro. Esta obra pode ser adquirida nas livrarias e bancas de revistas em Macapá.
Dá uma conferida!
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