LENDAS DO AMAPÁ - A Pororoca
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LENDAS DO AMAPÁ - A Pororoca


Antigamente a água do rio era amena, calma, e corria mansamente. As canoas à vela e remo navegavam sem perigo algum. A Mãe D'água, mulher do Boto Tucuxi, morava com sua filha mais velha na Baía do Marajó. Certa noite, na hora da janta, ouviram-se gritos: os cães latiram, as galinhas e galos cocoricaram. Tinham roubado Jaci, a canoa de estimação da família.
Remexeram, procuraram e não encontraram nada. Diante do resultado, a Mãe D'água resolveu convocar todos os seu filhos: Repiquete, Correnteza, Rebujo, Remanso, Vazante, Enchente, Preamar, Reponta, Maré Morta e Maré Viva. Ela queria que encalhassem a embarcação desaparecida. No entanto, passaram-se vários anos e nehuma notícia de Jaci. Ninguém a viu entrando em nenhum igarapé, algum furo, ou mesmo atracada em algum lugar. Certamente estava escondida.
Então resolveram chamar também os parentes mais distantes: os lagos, lagoas, igarapés, canais, estreitos, para discutir o caso, ficando provada a necessidade de se criar umas três ou quatro ondas fortes que entrassem em todos os buracos que encontrassem, quebrando, encalhando, destruindo tudo. Assim poderiam encontrar Jaci e o ladrão.
Ficou determinado que a caçula da Mãe D'água, Maré da Lua, moça danada, namoradeira e briguenta, avisasse qualquer coisa anormal que acontecesse.
De repente, pela primeira vez, surge em alguns lugares o fenômeno, empurrando madeira, invadindo rios, naufragando barcos, repartindo ilhas, ameaçando palhoças, derrubando árvores, abrindo furos e amedrontando pescadores.
E até hoje, sempre que a Maré da Lua vai ver a família é um "Deus-nos-acuda": ninguém sabe de Jaci e a cunhantã segue em frente,destruindo quem não ousa sair da frente, cumprindo as ordens do Boto Tucuxi, que resmungando danado da vida, diz: "Pois então continuem arrastano tudo". E assim a pororoca continua.

 Texto de Joseli Dias, no livro "Mitos & Lendas do Amapá"
...Mas que engraçado!! Na mitologia a pororoca é causada por Maré da Lua, filha do Boto Tucuxi, que ficou fulo por lhe roubarem a canoa preferida e nunca mais recuperar. /  Foto: latimesblogs.latimes.com
Veja também:
Cutias do Araguari (Parte 1 - O fenômeno natural da pororoca)



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