31 anos do naufrágio do Novo Amapá (vídeos)
Amapá

31 anos do naufrágio do Novo Amapá (vídeos)


Em 06/01/1981 ocorreu nas águas do Rio Cajari o maior desastre fluvial da Amazônia, no trajeto entre Santana (Amapá) e Monte Dourado (Pará). Tudo por conta da superlotação e omissão na fiscalização. Existem muitas histórias sobre o caso, mas é incontestável que a lotação na embarcação excedia rotineiramente o normal. Mais de 600 pessoas estavam na fatídica viagem em uma época em que as embarcações eram a opção mais viável no trajeto descrito. Entre elas, figurava o "Novo Amapá" como uma das mais procuradas e de melhor referência. Viajei 3 vezes neste barco e estava na última vez que chegou a Monte Dourado. Em todas sempre iam muitas pessoas, principalmente nas férias, e muita carga, como os carros na parte superior. Os números apontam 378 vítimas, mas é  certo que este número ultrapassou o de 400. A tragédia ficou para sempre marcada na história deste estado. Veja nos vídeos o que foi noticiado neste dia de tristes lembranças.

REPORTAGEM DA TV-AP EM 06/01/2012
"Há 31 anos o amapaense começava a receber as notícias de que um barco havia virado no rio Cajari, a caminho do Município de Laranjal do Jari. Dois dias depois começavam a chegar os primeiros corpos... Só aí se percebeu o tamanho da tragédia. Oficialmente, 378 pessoas morreram no naufrágio, mas as famílias dizem que os números passaram de 400. Muitos corpos nunca foram identificados e nem os culpados punidos" (Amazônia TV)

 Programa Amazônia TV (TV-AP em 06/01/2012)
Reportagem: Seles Nafes
Imagens: Rômulo Cantanhed
Edição: Aridelso Gomes

Foram pontos abordados:

- José tinha 18 anos em 1981 quando embarcou no Novo Amapá, junto com o irmão de 21 anos, a cunhada e o sobrinho. Os três ele nunca voltou a ver e nem conseguiu reconhecer em meio a tantos corpos. No momento do desastre ele conversava com um amigo em um dos corredores da embarcação.
- "Na hora que virou o pessoal só fazia gritar por socorro, mas a noite era muito escura e não dava para ver ninguém... Aí o barco virou, eu pulei, nadei para a beira, o lado mais perto (Relato de José Góes da Costa - Sobrevivente)
- O Novo Amapá naufragou no Rio Cajari em 1981 entre Santana e Laranjal do Jari, no sul do estado. O barco tinha as mesmas características da maioria das embarcações encontradas na região amazônica. A capacidade era para pouco menos de 400 pessoas. No dia 06/01/1981 partiu do Porto de Santana levando 679 pessoas, além de dois veículos e uma tonelada de carga para uma viagem sem volta. O peso fez o grande barco de madeira virar e o despreparo das autoridades retardou em dois dias o resgate dos corpos e sobreviventes. 
- As imagens da TV-AP da época mostram centenas de caixotes, com até oito corpos cada um, chegando ao Porto de Santana em uma balsa.
- O jornalista Humberto Moreira relata que os militares recebiam bebida alcoólica do próprio comando da operação para poderem suportar o odor fétido e as cenas de morte.
- Os corpos foram enterrados em uma grande vala e muitos nunca foram identificados. Oficialmente foram 378 mortos, mas as famílias dizem que foram mais de 400 vítimas no maior naufrágio flucial da Amazônia.
- Apesar da investigação ter apontado os donos da embarcação como responsáveis, ninguém foi punido.
- 31 anos depois a vala comum onde foram sepultados os passageiros mortos continua do mesmo jeito. Não há nenhuma placa e nem os nomes dos passageiros enterrados. O governo estadual chegou a anunciar na década de 1990 que iria construir um memorial em homenagem às vítimas... Três décadas depois, nenhum tijolo foi colocado.
- A tragédia ensinou uma lição e a Capitania dos Portos passou a intensificar a fiscalização nas mais de mil embarcações que hoje navegam os rios da região.

REPORTAGEM DA RECORD-AP EM 06/01/2012
"...Há exatamente 31 anos, mais de 400 pessoas morreram e até hoje muita coisa ainda não foi esclarecida, como a quantidade exata de passageiros naquele dia. Nossa equipe encontrou personagens que jamais esqueceram essa data." (AP no Ar - 1ª Edição)

"... Parece que nada mudou no sistema de navegação da Amazônia. Os acidentes continuam acontecendo e muito pouco tem sido feito para garantir a segurança de quem utiliza as embarcações para viajar." (AP no Ar - 2ª Edição)

Programa AP no Ar (Record-AP em 06/01/2012)
Reportagem: Garcia Brito
Imagens: Salgado Júnior

Foram pontos abordados:

- O dia 06/01/1981 ficou marcado na história da navegação amapaense. O barco Novo Amapá, que viajava do Município de Santana (AP) para a cidade de Monte Dourado (PA), transportando cerca de 600 passageiros, afundou nas águas do Rio Cajari e deixou mais de 400 pessoas mortas.
- A tragédia completou (em 2012) 31 anos, mas ainda permanece viva na memória das famílias que perderam parentes e amigos, em um dos maiores naufrágios do país.
- Como não houve contagem dos passageiros no embarque, não há um número exato de vítimas. Estima-se que mais de 400 pessoas morreram no local do naufrágio. Os corpos resgatados foram enterrados em valas comuns e coletivas no cemitério de Santana. No local nunca foi feito um memorial ou qualquer homenagem às vítimas.
- O naufrágio já foi objeto de estudo para vários escritores e historiadores.
- "... Até a imprenssa internacional relatou, foram mais de 300 mortos em uma embarcação de pequeno porte. Naquela época as comemorações do carnaval não aconteceram em Macapá, a cidade ficou triste... (Relato de Edgar Rodrigues - Historiador)
- Décadas depois, os problemas da navegação nos rios da Amazônia são praticamente os mesmos. Falta rigor nas fiscalização e as estruturas das embarcações são precárias e os acidentes são cada vez mais frequentes. As estatísticas mostram que em 2010 foram registradas 26 ocorrências e em 2011 o número subiu para 27. Um dos casos mais graves foi o naufrágio do barco Diamante Negro, ocorrido em 11/07/2011 próximo ao Distrito do Bailique. A embarcação viajava do Município de Breves com destino a Macapá com excesso de passageiros. Mais de 40 pessoas estavam à bordo e o acidente ocorreu por volta das 20:30h numa região conhecida como Pau Cavado. No acidente 7 pessoas morreram e uma criança até hoje não foi encontrada.
- As embarcações, meio de transpote mais comum do caboclo, navegam cheias de irregularidades diariamente nos rios da Amazônia frente aos olhos das autoridades. A situação se repete e nem mesmo a tragédia do Novo Amapá serviu de lição para que o Poder Público dê mais atenção à segurança na navegação fluvial.

REPORTAGEM DO SBT-AP EM 07/01/2012
"...Uma data que jamais será esquecida da memória de muita gente. Uma lembrança amarga na história da navegação brasileira. Era noite, chovia muito, excesso de passageiros... fatos que contribuíram para que as águas revoltas do rio Cajari levassem para o fundo o barco NOVO AMAPÁ, com mais de 600 passageiros a bordo. Muitos sobreviveram e continuam vivos para nos relatar, através de uma reportagem especial, o que aconteceu durante e após a tragédia." (Programa Meio Dia)

 
Programa Meio-Dia (SBT-AP em 07/01/2012)
Reportagem: Mônica Silva
Imagens:Márcio Bacellar
Edição: Diego Batista 

Foram pontos abordados:

- Gritos de dor e desespero, cenas jamais esquecidas por quem sobreviveu e viveu a tragédia que marcou o Amapá e chocou a população mundial. Há 31 anos o motivo do naufrágio do barco Novo Amapá ainda é considerado um mistério e perguntas continuam sem respostas. Quem é ou quem são os culpados pela tragédia? A embarcação estaria sendo pilotada por um garoto de acordo com relatos de alguns sobreviventes.
- "A tragédia ocorreu por imprevidência, havia um excesso de lotação. A capacidade do navio era de poucas pessoas e havia mais de 500, 600 pessoas... A tragédia poderia ter sido evitada... Se fala que no momento do fato não era o piloto experiente  no comando e sim um jovem inexperiente" (Relato de J. Capiberibe - autor do livro Morte nas Águas)
- A inexperiência de um jovem garoto no comando da embarcação teria sido um dos motivos do naufrágio, pelo menos esta é a versão sustentatada no livro Morte nas Águas: A Tragédia do Cajari, tendo como autor J. Capiberibe.
- Apesar do tempo a tragédia não se tornou página virada ou fato esquecido para quem estava na embarcação e viveu horas de terror nadando para sobreviver na escuridão.
- O dia 06/01/1981 ficou marcado na vida de Dona Juraci, ela lembra como tudo aconteceu: "... Nós ficamos no meio daquele pessoal que traziam os corpos para perto de nós... cenas fortes, pessoas boiadas... Foi muito forte o que aconteceu, só escutei aquela zoada de garrafa, que ele ia virando para o lado esquerdo e estávamos no camarote no lado direito... aí eu tentei abrir a porta, conseguimos sair... de lá nós boiamos, voltamos para o barco que estava flutuando e daí a gente via o desespero, as pessoas batendo debaixo do barco... (Relato de Juraci de Azevedo - Sobrevivente)
- O Novo Amapa partiu do Porto de Santana por volta das 14 horas, a bordo 600 passageiros, número considerado excessivo para a capacidade de transporte da embarcação era de 400 pessoas. Na foz do Rio Cajari, próximo a Monte Dourado (PA) o barco naufragou. Alguns passageiros conseguiram até as margens do rio. Cerca de 300 pessoas perderam a vida.
- ... Uma lona foi baixada nas laterais da embarcação (costume ao anoitecer), o que provocou a morte de muitas pessoas.
- Apesar da proporção do acidente, a informação do naufrágio só chegou no dia seguinte através de dois sobreviventes. A notícia colocou o Amapá em cenário nacional. Jornalistas locais e de outros países se deslocavam para o local do acidente.
- Cenas jamais vistas... Corpos espalhados pelas águas, os mortos eram colocados em cima de lonas para serem transportados para o Município de Santana, onde foram enterrados em uma única cova dentro de caixas de madeira.
- Quando chegamos lá nos deparamos com uma situação terrível, de muita gente morta, de corpos espalhados, amarrados à beira do rio... Faltava pegar muitos outros que estavam espalhados... (Relato do Jornalista Humberto Moreira)
- 31 anos depois (2012) a tragédia do Novo Amapá  serve de inspiração para escritores, ganhando espaço na dramaturgia. Em 2012 foi encenada a peça Novo Amapá com uma interpretação artística e poética do naufrágio.

Os vídeos podem ser vistos na Biblioteca SEMA de Macapá.

Sugestões para consultas:

- O Naufrágio do barco Novo Amapá - A tragédia do rio Cajari 
(Texto dos Arquivos da Capitania dos Portos - Departamento Regional do Pará - Inquérito Marítimo Nº 22.031 - pág. 117. É um relato técnico abordando o desastre, culpados e possível desvio de dinheiro na indenização de parentes das vítimas).

- Naufrágio do barco Novo Amapá 
(Depoimento do jornalista Humberto Moreira, na época Diretor do Departamento de Jornalismo da Rádio Nacional. Descreve o caso como jornalista presente na situação. O texto foi publicado em 2012).
 
- 29 anos depois da tragédia do Novo Amapá e nada mudou
(Reportagem de Rodolfo Juarez publicada no Jornal do Dia, em 2010. Mostra alguns depoimentos de sobreviventes).

- Há 30 anos, 300 mortos na Tragédia do Rio Cajari  
(Texto de Paulo Tarso, publicado em 2010, mostrando a produção literária baseada na tragédia).

Veja também:

Morte nas Águas: A tragédia do Rio Cajari 
(Livro de João Capiberibe e primeira obra a retratar o caso.
É uma edição histórica e esgotada, com fotos, depoimentos
 e procura frequente para consultas).



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